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«A política não se faz em salas de tribunais, faz-se em salas de política»

«A política não se faz em salas de tribunais, faz-se em salas de política»

Bruno Bessa nasceu no Porto em 1994. As suas raízes familiares remontam ao concelho de Lousada, mas foi na Maia que sempre viveu.

Frequentou sempre a Escola Pública, tendo iniciado o seu percurso na Escola EB1/JI do Lidador (Vila Nova da Telha) e, posteriormente, na Escola EB 2/3 Dr. Vieira de Carvalho (Moreira-Maia).

No Ensino Secundário vai para a Escola Secundária da Senhora da Hora (2010-2013) onde frequenta o curso de Línguas e Humanidades. É nesta escola que inicia a sua intervenção associativa, assumindo diversas responsabilidades enquanto dirigente estudantil.

É Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade do Porto (2017) e Mestre em Direito do Trabalho pela Universidade Católica Portuguesa (2020).

No mundo académico foi membro da ELSA (European Law Student Association – Associação Europeia de Estudantes de Direito), tendo mesmo integrado o Conselho de Fiscalização da ELSA FDUP (2016-2017).

Iniciou a sua participação política em 2014, quando aos 19 anos se filia no PSD/JSD e começa a participar nas atividades da concelhia maiata. Em 2017 assume pela primeira vez funções de dirigente na JSD Maia (Secretário-Geral) e em 2018 é eleito presidente da estrutura concelhia, cargo que desempenha até aos dias de hoje. É ainda Conselheiro Nacional da Juventude Social Democrata.

É membro da Assembleia de Freguesia de Vila Nova da Telha, sendo líder da bancada da coligação Maia em Primeiro (PSD/CDS-PP) e representante desta freguesia no Conselho Municipal da Juventude.

Em 2018 assume funções como Vice-presidente da Associação Recreativa Vilanovense, em Vila Nova da Telha.

Paralelamente, procura aprofundar o conhecimento noutras áreas do saber, tendo já concluído um Curso Avançado em Cidades Sustentáveis (edX by Harvard University and The Massachusetts Institute of Technology), uma Formação Avançada sobre Desafios Eleitorais (Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra) e um Curso de Contratação Pública (Conselho Regional do Porto da Ordem dos Advogados).

Atualmente é Advogado Estagiário com inscrição em vigor na Ordem dos Advogados Portugueses, exercendo a sua atividade profissional na AdC Advogados desde 2018.

MAIA HOJE: A JSD, como é sabido, a nível nacional, é uma organização estruturalmente independente do PSD. A nível local, neste particular, como classifica a JSD?

BRUNO BESSA: Não diria independente, mas sim autónoma. Passo a explicar: a JSD é a organização política de juventude do PSD e com ele partilha dos mesmos princípios, valores e ideais políticos. No entanto, a JSD não é uma estrutura política independente do PSD, é sim autónoma na sua organização e funcionamento, como preveem os seus estatutos próprios.

Aliás, este modo de relacionamento entre o PSD e a JSD tem-se mostrado bastante profícuo na história do PSD e da JSD. Mantemos uma proximidade muito grande ao partido, pois não somos independentes dele, mas o partido sabe que a JSD é autónoma e tem cabeça própria: se tivermos de dizer não, dizemos não.

Ao nível local posso falar pela minha experiência: sempre defendi uma JSD colaborante e nunca subserviente. Acho que ganhámos todos com esta postura e é esta a mensagem que procuro transmitir.

MH: Como vê o ensino em Portugal?

BB: O meu percurso escolar e universitário – com exceção do Mestrado na Universidade Católica do Porto – foi sempre realizado no ensino público. Tenho boas e más referências, mas de um modo geral é positiva a opinião. Contudo, conhecendo algumas realidades, acho heroico o esforço que os professores fazem em diversas escolas para levar um ensino de qualidade aos alunos e acho heroico o esforço de alguns alunos para aprenderem com poucas condições e um apoio muito fraco.

Aliás, os “rankings escolares” mostram uma ascensão meteórica do ensino privado, mais direcionado para o aluno, com novos métodos de ensino, com turmas mais reduzidas e um apoio mais permanente. Devemos olhar para isto e perceber o caminho que queremos seguir. Tal como um bom cozinheiro não consegue fazer uma omelete sem ovos, um bom professor não consegue formar bons alunos sem condições.

No entanto, importa relembrar que o ensino não é só composto pela transmissão de conteúdos e conhecimentos entre o professor e o aluno. Por isso temos de passar também a valorizar a comunidade escolar, as relações interpessoais desenvolvidas, a participação na vida associativa, o voluntariado escolar. Tudo isto integra o ensino e capacita-nos enquanto cidadãos.

MH: E o mercado de trabalho para os jovens?

BB: A melhor resposta a essa pergunta são os números: nos últimos 15 anos, a mais baixa taxa de desemprego jovem registada no nosso país foi de cerca de 16%, o que significa que desde 2005 pelo menos 16% dos jovens esteve sempre em situação de desemprego. Por outro lado, sabemos que muitos dos jovens que não aparecem nestes números são absorvidos por empregos precários e há ainda um número muito elevado de jovens NEET (Not in Employment, Education or Training – Não empregados, em formação ou estágio).

A verdade é que a massificação dos estudos superiores e o excesso de oferta em muitas áreas leva a um abuso do mercado no período de candidaturas. Há 20 anos atrás um jovem tinha de ter um diploma para arranjar um emprego qualificado e uma retribuição acima da média. Hoje isso já não chega! A minha geração é muito equilibrada ao nível das qualificações e nos processos de recrutamento o que é mais valorizado são competências diferenciadoras conforme a função a desempenhar.

Depois temos os excessos e o ridículo: já vi recrutamentos para estágios em que um dos requisitos era ter experiência profissional na área.

MH: Identifica-se com uma juventude europeia?

BB: Sim, a União Europeia é um projeto em constante desenvolvimento e os jovens têm sido dos principais beneficiários deste projeto político e económico.

São vários os programas que aproximam os jovens de toda a Europa e criam um sentimento de pertença a um projeto comum: é o caso do programa Erasmus+, do Discover EU, do Corpo Europeu de Solidariedade e dos estágios para jovens em instituições europeias.

Depois temos ainda coisas simples, mas que dificilmente existiriam sem esta identidade comum: o espaço Schengen com uma Europa sem fronteiras, o fim do roaming na União Europeia e o mercado único.

MH: Em que medida, os jovens atuais podem ser uma mais valia para o futuro de Portugal?

BB: Os jovens representam a irreverência, a inovação e o descomprometimento necessário para criar ruturas com o “establishment”. Aliás, não era à toa que Sá Carneiro dizia que a JSD era o “laboratório de ideias do partido”.

No entanto, esta capacidade de criar ruturas e sair da zona de conforto não deve ser confundida com criar cisões sociais ou etárias. Uma sociedade forte é uma sociedade com boas políticas intergeracionais.

Somos a geração mais qualificada de sempre, mas não somos a geração com mais oportunidades. Isso faz com que muitos jovens tenham de sair da sua zona de conforto e procurem alternativas em áreas diferentes, criem o seu próprio negócio ou arrisquem em modelos de negócio mais rentáveis e inovadores. Temos uma grande capacidade de adaptação, gostamos de viver num mundo global e não temos medo do desconhecido.

MH: Considera que na Maia, os jovens têm consciência política e são politicamente ativos?

BB: Ter consciência política e participar ativamente na política são coisas diferentes. Tenho a certeza que os jovens – na Maia e fora da Maia – têm consciência política, acredito é que começam a ganhá-la mais tarde do que aquilo que acontecia no passado. As grandes causas políticas atuais são muito diferentes das causas que os nossos pais defendiam, mas até aí a Maia sempre foi um concelho à frente do seu tempo: ainda não se falava em defender o ambiente e na Maia já fazíamos recolha seletiva de resíduos porta a porta; ainda ninguém sabia o que era um “Hub” Tecnológico e Economia Circular e na Maia já tínhamos um parque tecnológico para o acolhimento de projetos de investimento e de empreendedorismo.

Quanto à participação política dos jovens temos de reconhecer o seu afastamento, mas referir que não é um problema etário nem geográfico. Há um divórcio entre a sociedade e os partidos políticos. Temos de inverter essa tendência e abrir os partidos à sociedade, chamar os melhores cá para dentro, sujeitar-nos à crítica, fomentar a reflexão. Felizmente, com muito trabalho a JSD Maia tem conseguido fomentar o debate político e atrair mais jovens para a estrutura.

MH: Na sua opinião, quais os principais problemas com que a juventude se debate?

BB: São três os principais problemas que identifico e todos eles acabam por ter ligação: as condições laborais bastante precárias a que os jovens se sujeitam; a elevada taxa de desemprego jovem que existe e, consequentemente, uma emancipação tardia, que condiciona muitos planos futuros ao nível económico, mas também social: estou a pensar, por exemplo, no problema da natalidade.

MH: Considera importante haver, a nível de município, um vereador exclusivo para a juventude?

BB: Exclusivo não digo, mas deve sempre existir um pelouro para a juventude e um político que lhe dedique uma grande atenção e empenho na definição de uma estratégia política de juventude para o município. É preciso envolver os jovens na vida política do município, auscultando-os e incentivando a que participem no processo decisório.

Dar atenção à juventude é olhar com seriedade para temas como estágios, voluntariado, empreendedorismo, transição digital, apoio ao estudante, animação, apoio aos jovens artistas e globalização.

MH: Que opinião tem sobre o facto destas novas gerações serem cada vez mais dependentes dos pais e, por essa via, alcançarem a independência cada vez mais tarde?

BB: Esse é o grande problema da exigência do mercado que nos demanda cada vez mais qualificações e nos leva a estudar até mais tarde e da precariedade dos primeiros empregos de um jovem. Como é que alguém a ganhar 635 euros consegue pagar uma renda, luz, água, transportes e ainda alimentar-se? Não consegue e, por isso, tem de ficar em casa dos pais. Atrasar a emancipação dos jovens é atrasar o desenvolvimento do país.

MH: Em traços gerais, como carateriza o seu mandato, que agora termina?

BB: Penso que o balanço é bastante positivo. Quando nos apresentamos a eleições, definimos claramente aqueles que seriam os pilares da nossa candidatura: a abertura da JSD aos jovens e à sociedade civil; a formação e qualificação dos políticos da estrutura; a realização das campanhas nas eleições europeias e legislativas de 2019 e a afirmação da JSD Maia no digital.

Acredito que cumprimos com aquilo a que nos propusemos. Não quero estar aqui a elencar o que fizemos, mas destacaria deste mandato, para além das campanhas, as formações sobre a União Europeia que levamos a diversas escolas da Maia, as “Maia Talks”, as Jornadas José Nuno Meireles realizadas na Maia pela primeira vez, as reuniões em diversas Juntas de Freguesia e Associações do concelho e ainda ações de solidariedade.

Por fim, não posso deixar de referir a coragem da JSD em defender os seus autarcas legitimamente eleitos pelo povo. Não é segredo o sem fim de processos judiciais com que a oposição deu entrada nos tribunais, numa tentativa de ocultar o trabalho desenvolvido por este executivo municipal. Entendemos que essa não era a forma correta de fazer política e, por isso, denunciamos essa oposição ignóbil e desprestigiante. A política não se faz em salas de tribunais, faz-se em salas de política.

30 Questões Rápidas

1. Uma cor
Azul

2. Um clube
Futebol Clube do Porto

3. Um jogador
Ronaldinho Gaúcho

4. Um desporto
Futsal

5. Um partido
Partido Social Democrata

6. Um político
Sá Carneiro

7. Uma causa
Combater as desigualdades sociais

8. Um credo
Veni, Vidi, Vici

9. Um género musical
Aquele que o momento exigir

10. Uma música
Blowing in the wind (Bob Dylan)

11. Uma banda
Pink Floyd

12. Um intérprete
Freddie Mercury

13. Um filme
O Pianista

14. Um cineasta
Steven Spielberg

15. Um actor
Tom Hanks

16. Uma actriz
Meryl Streep

17. Uma série
Band of Brothers

18. Um livro
O Deus das Moscas (William Golding)

19. Um jornal
Aquele que não troque a deontologia pela aritmética

20. Um jornalista
Pedro Cruz

21. Um canal televisivo
RTP

22. Um prato
Qualquer um da minha mãe

23. Um doce
Tiramisú

24. Sushi?
Uma vez por semana

25. Um vinho
Um qualquer do Anselmo Mendes

26. Um Whisky
Grand Old Parr

27. Um automóvel
Aquele que me levar ao destino

28. Um dia bem passado
Ler numa esplanada junto ao mar

29. Uma semana de férias no inverno
No Leste da Europa 30. Uma semana de férias no verão – No Algarve com a família

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