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Picos

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O ano de 2020 tem sido atípico, muito por culpa da pandemia de Covi-19, de forma directa e indirecta. Sem me debruçar muito nas evidências estatísticas, apenas refiro que este ano tem morrido mais portugueses do que em período homólogo e o SARS-CoV-2 está longe de ser a justificação para tal incremento.

Com efeito, importa recordar o manancial de contradições que nos apresentam desde o início da pandemia, onde o que era verdade hoje amanhã já não o era, designadamente por parte das entidades oficiais, a começar pela Organização Mundial da Saúde e secundada pela nossa Direcção-Geral da Saúde.

Em resposta a perguntas dos jornalistas sobre quais as alegadas causas para estas mortes excessivas, a DGS entendeu utilizar a resposta padrão para aquela altura do ano: causa provável “Pico de Calor”. É, sem dúvida, uma resposta curta demais se atendermos estar a falar de portugueses, pais, avós e filhos, com uma história de vida e um contributo inestimável para a sociedade que somos. Importa não esconder que à conta da pandemia muitos cuidados médicos foram completamente descurados, por muito que a Ministra da Saúde, Marta Temido, o tente negar com toda a sua expressividade , até porque ondas de calor ocorrem todos os anos. Estranha-se a timidez com que este tema tem sido tratado pela comunicação social, pois os dados não surgiram agora.

Não deixa de ser particularmente curioso verificar o surgimento de um movimento ibérico de médicos que se intitulam “Médicos pela Verdade”, com o alegado objectivo de desconstruir a narrativa oficial sobre a forma como se deve enfrentar a pandemia, atendendo ao teor das suas intervenções. De que lado está a razão? Talvez no meio, como é normal acontecer. No entanto, este contraditório tem o condão de nos relembrar que a ciência não evoluiu em regime de pensamento único, bem pelo contrário.

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