Taça de Portugal: CD Celoricense competente, mas não resistiu ao “furacão” Samu (0-4)
O duelo entre o CD Celoricense e o FC Porto na 3ª eliminatória da Taça de Portugal era o encontro com maior desnível desta ronda, mas revestia-se de grande significado para o modesto clube minhoto. Após duas subidas consecutivas, que o levaram da Divisão de Honra da AF Braga ao Campeonato de Portugal (onde ocupa o 5º lugar da Série A), este era um “conto de fadas” que prosseguia com a estreia frente a um dos “grandes” do futebol nacional.
Para o Celoricense, que na eliminatória anterior da prova rainha, após prolongamento, deixou para trás o Mafra da Liga 3, foi uma vitória vista como uma oportunidade, neste que foi o “ponto mais alto da história do clube”, que há 30 anos não competia nos campeonatos nacionais.
O facto do jogo não ser disputado no seu Municipal, onde o campo de menores dimensões poderia criar mais dificuldades ao FC Porto, mas em Barcelos, onde as dificuldades seriam para o Celoricense, não impediu o mediatismo à volta do jogo, e a maior enchente em jogos do pequeno clube com a presença massiva dos seus adeptos que viajaram até à cidade onde o galo é rei.
Para a história, do clube, os jogadores escolhidos pelo técnico Rafael Seixas, foram: Gonçalo Luís à baliza, Carlos Mendes, Diogo Miguel, João Padi, Pedro Pinto, Matchu, Didi, Andrezinho, Diogo Alves, Jhon Rentería e Juninho.
O FC Porto entrou em campo com uma equipa ligeiramente diferente da habitual: Cláudio Ramos na baliza, Alberto Costa, Jan Bednarek, Francisco Moura, Jakub Kiwior, Alan Varela, Victor Froholdt, Pepê, Gabri Veiga, Borja Sainz e Deniz Gül.
Muita gente esperava que o ‘mister’ Francesco Farioli aproveitasse para dar descanso a quase toda a gente, mas não foi bem assim. O treinador optou por um onze quase de gala, com as únicas mudanças a serem Cláudio Ramos na baliza e Deniz Gül no ataque. A equipa entrou com tudo, a pressionar a defesa minhota desde o primeiro minuto, protagonizando uma arrancada forte, mas de pouca rotação, com o primeiro golo a chegar cedo, mas não a tranquilidade. O marcador foi aberto aos nove minutos, na sequência de um canto batido por Gabri Veiga, o central Jan Bednarek subiu mais alto e, de cabeça, não perdoou, aproveitando uma saída um pouco tremida do guarda-redes Gonçalo Luís.
Depois do golo, o ritmo dos “dragões” baixou um pouco. O Celoricense, que não se intimidou com o adversário de peso, aproveitou para respirar e até se soltou mais. O avançado Jhon Rentería, pregou um pequeno susto e até obrigou Cláudio Ramos a mostrar serviço, com um remate que levava selo de golo. O 1-0 ao intervalo deixou tudo em aberto e deu um sabor especial aos bravos minhotos, por 45 minutos quase irrepreensíveis e de boa competência.
A segunda parte começou com o FC do Porto a carregar de novo, à procura do golo da segurança. Mas a verdadeira história da noite começou aos 60 minutos. Farioli fez as substituições que mudaram o jogo: entraram Samu, Rodrigo Mora e William Gomes.
Era um jogo com resultado quase escrito, e a diferença entre o gigante da I Liga e o bravo Celoricense acabou por se fazer sentir a partir daí. O internacional espanhol foi um autêntico turbilhão, vestiu-se de mago e resolveu tudo: Em cerca de 15 minutos, fez um hattrick e “matou” o jogo.
O primeiro foi um míssil de fora da área. Os outros dois foram de ponta de lança puro, a finalizar cruzamentos perfeitos de Bednarek e William Gomes. E ainda podia ter feito mais.
O Celoricense ainda deu um último ar da sua graça com um lance perigoso de Lucas, mas o FC Porto carimbou a passagem à próxima eliminatória da Taça de Portugal com uma vitória clara, mas nem tudo foi fácil, nesta festa da Taça realizada no Estádio Cidade de Barcelos, com o público a reconhecer a garra da equipa da casa.
No final o capitão do Celoricense, Diogo Alves, mostrou-se satisfeito com a réplica conseguida perante o poder do FC do Porto: “Orgulhamo-nos, pois trabalhamos para isto, trabalhamos para agradar, para trazer estas pessoas todas ao estádio, e acho que foi um prémio mais que merecido termos uma terceira eliminatória da Taça contra o FC do Porto. Não era o resultado que queríamos, claro, mas saímos daqui de consciência tranquila de que tudo fizemos. O que se tira daqui foi um sonho realizado, uma semana diferente para todos pela experiência de jogar pela primeira vez contra uma equipa da primeira Liga, inclusivamente líder do futebol português. Sabíamos da missão muito difícil que íamos ter. Na primeira parte estivemos muito bem, eles acabaram por fazer um golo de bola parada. Sabíamos que eram muito fortes em jogo jogado, mas não tiveram muitas oportunidades, pois estivemos muito equilibrados. Depois, na segunda parte, são as pernas, é o trabalho deles, é totalmente diferente, fizemos o que pudemos, mas saímos daqui de cabeça erguida. Temos um plantel muito jovem, e isto sem dúvida foi também uma boa montra para eles.”
Já Rafael Seixas, o treinador da equipa minhota, começou por agradecer a presença nas bancadas das gentes de Celorico de Basto: “Deixe-me agradecer a todos os Celoricenses que se mobilizaram em força para vir ao estádio do Gil Vicente. Foi uma moldura humana incrível. Não estamos habituados a isto, mas temos de agradecer por este momento inesquecível, numa semana inesquecível. Vivemos momentos que nunca temos vivido, mas sabemos perfeitamente que esta não é a nossa realidade. Temos de nos focar agora no cair bem, mas sem dúvida o facto de estar aqui e defrontar o FC do Porto é um motivo de muito orgulho para todos os Celoricenses. Em alguns momentos até estivemos em cima do Porto – entre aspas – com mais bola o que não era esperado, e os meus jogadores são uns guerreiros que merecem tudo aquilo que passaram. São todos miúdos e eu só tenho de lhes agradecer, pois sou um privilegiado por estar à frente deles, mas quem merece isto são eles.”
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